Somos
seres históricos, sociais e inacabados. E é esta última característica que
torna a educação possível, pois é a partir do momento em que tomamos a
consciência do nosso estado inconcluso que abrimos os caminhos para o
conhecimento. Somente o ser humano pode ser educado, os outros seres vivos são
adestrados ou cultivados.
É
através do conhecimento do mundo e das relações com os indivíduos que o
conhecimento vai tomando forma. A curiosidade é fator imprescindível nessa
construção, uma vez que é ela que nos torna seres perguntadores, seres cheios
de dúvidas a serem respondidas e pesquisadas.
Por
isso, torna-se indispensável suscitar em nossos alunos a sua curiosidade, pois
é somente através dela que eles se tornarão seres pensantes através de uma
posição reflexivo-crítica, ou seja, quando a curiosidade pode tornar-se
epistemológica.
A
curiosidade epistemológica ocorre num contexto teórico e supera a curiosidade
ingênua, ela se faz metódica e passa pelo conhecimento ao nível do senso comum
para chegar ao conhecimento em nível científico.
A
relação dialógica é indispensável para a construção da curiosidade
epistemológica, pois é cheia de curiosidade, de inquietação e de respeito mútuo
entre os sujeitos, pois o sujeito que pergunta sabe a razão por que o faz e tem
a preocupação de aprender.
Neste
contexto, “o papel do educador progressista é desafiar a curiosidade ingênua do
educando para, com ele, partejar a criticidade” (FREIRE, 2000, p. 79). Mas, para
que o educador possa realizar essa tarefa, é necessário que esteja preparado
através de uma boa formação e essa é uma lacuna que precisa ser superada através
de uma política pedagógica baseada no tratamento digno do magistério, no
exercício de sua formação autêntica.
FREIRE, Paulo. À
sombra desta mangueira. São Paulo, Editora Olho d’Água, 2000.
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